terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mistura de Lembranças.


Eu que tanto cuidei, perdi a mão no tempero. Doce demais? Salgado, forte, fraco? Não sei. Na verdade, outras mãos acrescentaram o que jamais deveria ter permitido, se é que existe permissão para alguns tipos de mãos. Ouço uma música tão bonita agora. Ela fala assim: “belezas são coisas acesas por dentro. Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento”. Achei interessantíssimo esse escrito. É verdade, se for sentir de verdade. Porque, tudo acontece dentro. Sempre tem alguma mão que faz desandar o sabor do cuidar. Estão todas fora. Fora, e fora do lado de fora também. Perdem-se as rimas, os contextos, os olhares e os sorrisos. Revi pela quadragésima vez o filme que tem escrito assim: “brilhante, engraçado e ardente como a vida”. Sim, Senhores. O Fabuloso Destino de Amelie Poulan. É todo um conjunto de partículas em cada piscar de olhos. Genial. Da mesma forma que sinto com aquele filme “ Tomates Verdes e Fritos”. Sou eternamente encantada pela cumplicidade das personagens  Idgie e Ruth -“ Tawanda, a encantadora de abelhas”. Misturando esses dois filmes, fica a lembrança apagada na caixa. Não aquela que a Doce Amelie acha em seu banheiro, mas sim, aquela de infinito azul. Já tive uma cumplicidade, talvez comparada com a das meninas do filme. Brinco com o lado de fora. Pulo na areia da praia, nado até o barquinho, danço,me divirto, mas em cada segundo, dentro de um compasso indeterminado, o silêncio. Aquele da Lua. Com sorrisos estampados nos olhos, ou até mesmo de canto de boca, o silêncio. Tenho saudades, confesso. Paris, Montreal, e mais um monte de lugar que poderia ta citando aqui agora. Mas, em especial esses. Tomei um Açaí batido com Amora esses dias. Bate sempre calado no peito."Não vou negar que não pensei que não.[...]pétala,pérola.". Mas é isso mesmo. Quando as coisas não são verdadeiras, as mãos de fora fazem uma mistura que no final, perde-se o sabor. Talvez reste um velho cigarro antigo no bolso da jaqueta. Não na minha, mas do desandado. Da mentira. Quanto a mim, vejo o dia nascer para poder dormir. Juntando os filmes aqui dentro, me deito, lembrando de quão bom era, quando estávamos os três aqui no Brasil. Só permanece na minha vida, quem realmente merece. De resto, o vento carrega junto com os pássaros no outono. Sigo segurando a mão das pessoas que amo. Nada apaga o que passou, nem o que ficou. Me sobram dedos, se for contar, do que ficou. E a vida segue rumo as cores, sem misturas, só verdades! -Velas brancas e vermelhas, incensos de Jasmim e muita música.
-Vou dormir ouvindo Maria Bethânia cantando "Quando Você Não Está Aqui", pensando na frase " -se gente é coração" ... e ainda assim, eu amo muito tudo isso. A música acabou, sigo ovindo "Ayo -Watching You". Fico só com essa lágrima de canto de olho e o meu travesseiro. Bom Dia, Dia!

4 comentários:

  1. Perfeito amiga...Achei que seu talento fosse restrito apenas à musica...vejo que vai além do suficiente...
    Parabéns...Beijos...Rose Lemos

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  2. Wooooooowwwwwww.. Como sempre se expressando de forma intensa. Mandy Rainha das palavras rs
    Lindo Mandy adorei =D

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  3. é tanta coisa pra dizer uma coisa só que nunca se diz totalmente , SINTO FALTA E NÃO TEM MAIS AGORA ! Onde será que ficam as lembranças no tempo , vai saber , só sei como se sente , e é mais ou menos como você conseguiu dizer ! Alice

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  4. Se fizer uma melodia pra esse texto ele deixa de ser POESIA e vira uma canção belissima, pq tudo que tu escreve é belo demais. A melhor sempre!!! Te amo!!!

    Luciana.

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