segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carinho e cheiro.



Me deitei em teus braços por menos de 2 horas e seu cheiro ficou em mim, na minha -nossa- cama e agora não consigo sentir outro cheiro que não seja o seu.  Confesso que outros cheiros não me interessam também. Sabe quando a vontade fala mais alto? Pois é.  Vontade de continuar deitada nos teus braços. É um lugar tão secreto e seguro. É a verdade que faz esse lugar ser assim, tão aconchegante e completo.
De repente me deu vontade de escrever essas coisas que sinto e percebo crescer cada dia mais.  Eu sei que sempre fui uma explosão de sentimentos e agora não seria diferente.  Não falo de ninguém, só de mim. Mas o brilho daquele olhar... Aquele sorriso... Basta fechar os olhos e sentir tudo de novo. Tudo de novo o tempo todo.
Eu gosto de como nossas mãos se encontram. De como nossos corpos se dão, nossos olhos, gestos, jeitos. Eu gosto e quero. O tempo parece parar e eu deixo. O mundo pode cair do lado de fora, mas em minha, nossa,cama... se você está comigo, tudo faz sentido e nada mais importa. Nada mais.

sábado, 25 de agosto de 2012

Uma foto bonita e um texto simples.



Morena clara, sorriso branco e olhos brilhantes. 
Cachos e  flor.
 Mãos delicadas de quem cuida, e cuida. 
Carinho que completa todo espaço de um tempo.
 A mente viaja com cada toque. 
As bocas se encontravam e eu queria mais.
Sempre mais.
Falo de saudade.
 Saudade que ninguém sabe.
Ninguém sabe de nada.
A gente é quem sabe. E tudo isso nos basta.
Mas aquele sorriso que me fez sentir tudo perto. Sorriso que me trouxe sentimento e me deixou presa no espaço, na lua. Nossa lua.
A música toca e eu volto tudo. Eu sinto. Sinto tudo como é de se sentir. Gosto e guardo.
Silêncio e lembrança.
Um beijo no canto do sorriso de Boa Noite.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

'E a minha voz na dela e a tarde dói de tão igual...'


Carinho é aquele gesto guiado pelo sentimento que vem de dentro pra fora, tocando de fora pra dentro a outra pessoa. Sorrisos, olhares, palavras, canto e cheiro – tudo aquilo que alcança a nossa alma, nos deixando plenos. Aprendi tudo isso quando era criança. Eu sei a importância do encontro das mãos e todos os gestos seguidos no depois de cada completude de um encontro. A emoção invade e eu fico grande. Meus olhos molham, meus lábios não se fecham e meu coração palpita feito um atabaque em uma maravilhosa noite de Xirê. Me sinto povoada, cheia de fogos de artifício de dentro pra fora. Não consigo decifrar ao certo, bem, como isso acontece. Acontece e não existe palavra. Sou filha de Rei. Sou filha do fogo. Sou a parte de mim e a outra parte também. Sou. No carinho, somos. Maria segue com sua voz, tocando nas partes mais puras e profundas dentro em mim. Eu canto. Ela me canta. Eu me apaixono. Ela não sabe.
Lembro da voz dela falando: “Linda. Menina linda. Você é linda.”  Nesse momento pensei: se ela soubesse o tanto que a gente se conhece... dos bons vinhos e whiskys juntas, de quantas vezes me ergueu e me deu coragem... se ela soubesse... Tanta coisa, tanta coisa.
Fico imaginando um reencontro. Eu não quero fotos, nem pegar no cabelo dela, nem nada que muita gente quer. Acho importante saber o quanto a gente mexe dentro do outro. Eu só vou querer o bom e velho abraço de sempre. O sorriso, as piadas e o olhar. Um dia ela vai saber de tudo. Das partes que tornam um completo. Eu sei quem é Maria: raio, rio, rainha, voz, interpretação, mulher e menina. Maria é carinho. Maria é Bethânia.
Com carinho e gratidão, a Maria Bethânia, de Amannda Mattos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um beijo, menina da lua.

                                                                                                                    
                                                                                                                            12 de Agosto de 2012

Oi, faz tanto tempo que não te escrevo. Me pego lembrando e me perdendo nas promessas feitas. Esquecidas, pressuponho. Sabe, andei queimando algumas cartas. Ta, todas. Confesso. Mas foi bom que tudo virou fogo e depois cinza e o vento carregou com ele. Já tenho 24 anos. Passei um tempo muito bom, sabe... confusa como sempre e sem esbórnias. Aí vem o depois. Andei me encantando mais uma vez, e como sempre... chorando. É tão estranho falar isso assim, principalmente pra você. Continuo escrevendo e não sei se pelo menos essa carta será entregue. As outras já foram entregues as chamas do tempo. Engraçado que tudo comigo tem que ter um fogo, né? Nem que seja um palito de fósforo riscado.  Me peguei ouvindo “A idade do céu” e toda a cena volta. Confesso que eu n ouvia por mim, era meio que “obrigada” ouvir e eu nem ligava. É sempre bom relembrar o nó que as mãos fazem quando se encontram.
Continuo me apaixonando por mãos. Por elas eu também andei chorando. Não venha pensar que eu sou chorona, você sabe da parte de você que sou eu, como eu sou de verdade. A gente sempre sabe da gente. Tem muita coisa de mim que você não conhece mais e eu de você. Mas tem aquela parte que é sempre igual, em mim e em você. Aquele espelho guardado no baú de dentro com o mesmo reflexo de sempre. Tem horas que eu acho que não falta nada. Tem horas que falta tudo. Estou mais velha. Mais velha e apaixonada. Dona Canô me ensinou que a vida é agora. E tem sido assim. Vivo, choro um pouco e continuo vivendo. Depois de tudo, virei pedra e tornei a virar carne. Culpa minha. Só minha. Estranho falar assim, dessa forma com você. Sabe, nunca precisamos muito de palavras, pois já sabemos o que pensamos. Confesso que no início tive medo, depois me senti protegida e feliz pela nossa ligação. Sinto falta da nossa sinceridade. Do começo. É isso. Falta do começo e só. Mais nada.
Tenho vontade de terminar essa carta logo, mas tem tanta coisa pra ser dito ainda... não sei continuar. Faz assim, Olha nos meus olhos. A gente sempre se encontra no lugar certo dentro de nós, de mim que é você e de você que sou eu. A gente é quem sabe. Me olha. Te canto.
'Eu sei que é complicado amar tão devagarinho
E eu também tenho tanto medo.'

Com o carinho de sempre, Amannda Santos.

sábado, 30 de junho de 2012

Cuba Libre.

Amarelo canário é a cor da areia da ampulheta que giro entre os dedos, insistente e sem esperar, na impaciência dos que acompanham cada parada do ponteiro dos segundos visualizados microscopicamente em cada grão de areia que transpassa o minúsculo espaço da cintura do vidro. Mas o vento seca a lágrima e o tempo empurra tudo pra frente.
O cheiro que o tempo tem embriaga as entranhas junto com a fumaça que dança no compasso do silêncio desses pulmões impudicos. São bocas que calam diante de olhos que gritam. Frente que controversamente parece costas. Nessa costa de mar com gosto de lágrima. E pirraça. É a vida que a noite fria é esquentada com profundos goles de iniciante. E como duas cobras, essas mentes brigam entre seus inconscientes de duas almas inquietas. Na madrugada. O fogo carece do ar porém  tudo vira água. Mais um gole. Esôfagos queimam.  E o álcool desidrata a palavra que se perde. O  violão no canto da sala não erra o mesmo acorde, a regência de um maestro imbricado no som da soprano resulta na inutilidade da composição.
O mundo gira e na parede um pequeno quadro de girassol em cores frias. É o inverno que chega trazendo a vontade da carne, porque a alma já é uma só. Aquela alma que se pendura no varal frente a quem  não se importa com essa roupa exposta e deixa a chuva molhar. Nenhuma palavra se torna válida porque os ouvidos que a ouvem semelham a chão duro e frio que me sento. Mais um gole. Não é a cachaça que me trava e sim o choque de pensamentos em palavras nesse agora. Somos duas sendo uma, o que faz tudo mudar o tempo todo seguindo a mesma linha, cor e batida de coração. A diferença é a igualdade do real. Mas todas as minhas críticas lembranças, foram extremadas e anuladas pelas gratidões apologísticas. A vida é feita dessas pequenas diferenças que se tornam semelhanças da divergência do nosso ser. Quem sente sabe.
Na clarividência dessa quietude, três almas vagantes na fria madrugada perturbam a nossa vã existência . O líquido precioso se enfurece e derrama-se, flui ao chão. Terminam-se os goles.  Os corpos presentes afligem as mentes homicidas que, filhas do carbono,  escoam em água e entupem o ralo da inspiração.
FIM.

- Por Cecília Pinheiro e Amannda Santos

sábado, 5 de maio de 2012

'Um só, um nó. De fogo e água, terra e céu.'


A madrugada rompe e me bate um vento trazendo o gosto da saudade. São 3:49 e me deu uma vontade de começar a escrever um livro, mesmo sabendo que um livro não pode ser feito apenas com três linhas, essas que me fogem e mudam o tempo todo dentro da fração de um segundo, porém com o mesmo significado.
Em uma música do Gabriel o Pensador , ele diz que  a palavra saudade só existe em português, o que é verdade, mas o sentir vai além de uma palavra, seja ela em qualquer idioma.
Eu quero falar de saudade.
Consigo toca-la quando a sinto, de algumas maneiras, que juntas me preenchem e fazem tudo mais perto se perto. Ouço músicas, vejo fotos e me dá uma vontade de que cada retrato tenha cheiro e uma dose de carinho. Eu sinto cheiro no vento, da mesma forma que as melodias são entoadas por ele pra mim. Tudo ao mesmo tempo. Música, cheiro, pessoa e garrafas de carinho e afeto. Doses são muito poucas para o muito que me provoca. Nada que eu falei se mistura com bebida, porém combina com um delicioso capoccino ou um chá.
Amor é você repousar a cabeça no colo de quem você gosta, sentir as mãos nas costas e ouvir a voz cantar botando você para dormir. De olhos fechados eu sinto saudade. Eu sinto tudo nessa palavra.
Eu, sinceramente, não sei como tudo aconteceu e vem acontecendo. Sempre deixei tudo muito solto, ligado nos goles, nos sorrisos e um pouco de cada um guardado para o depois. Hoje, posso parecer demais e/ou de menos, continuo do mesmo jeito de uma forma diferente. –fazia tempo que algo de/ou alguém me tocasse de uma maneira que não me lembrava mais e diferente de todas as outras-  Continuo admirando os sorrisos, as mãos e minhas noites tem sido só minhas. –minhas e de tudo que vejo quando fecho os olhos e sinto.  Eu deixo e fecho. -
Nunca soube dar nomes aos sentimentos e continuo sem saber, mas se for comparado aos filmes, livros e experiências de pessoas próximas, posso chamar tudo isso de paixão. Nesse agora, o que mais se encaixa: paixão e saudade.
Tudo vai criando forma. A amizade, o respeito, o carinho, a lealdade, a confiança junto com mais um monte de nomes criados para corresponderem a devidos sentimentos.
Os olhares se cruzam e se perdem nesse encontrar de instantes de um tempo que é todo, ou se torna todo. As mãos se juntam e dedilham cada nota entoada pela respiração. As bocas se juntam e os gostos viram um só, fazendo as pernas tremerem e os corações baterem mais fortes. Se encontram nas pausas escritas na partitura feita pelos olhos. Aconteço.
Aconteço e deixo acontecer  sem formas ou de todas as formas. A maneira mais sadia de se viver a parte da vida que é minha em mim junto com a parte da vida que faz parte de mim se tornando minha.
Hoje é o primeiro dia do mês cinco e acredito que tenha começado ele muito bem, assim, apaixonadamente feliz e saudosa. Faço carinho na foto e vou dormir.

-Amannda Santos, Salvador-BA, 01/05/2012.-

sexta-feira, 9 de março de 2012

‎''Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.'


Os tambores marcam o compasso de cada batida do caração, mesmo silenciosos. Sou uma pessoa que ama tambores e silêncio. Foi um espelho de traços finos que me chamou e me ensinou a usar a mão esquerda pra desenhar.  Era tudo som, pouca luz e muita gente feliz de carnaval. Vi cores, senti gosto e cheiro. Ainda sinto tudo, basta fechar os olhos. Chovia do lado de fora e do lado de dentro de mim. Foi o marco do encontro do som  com o sorriso branco da lua. Era uma bela noite. Resolvi me lambuzar de tudo o que sentia ao fechar os olhos. Invento, reinvento e o dia amanhece, os carros começam a rodar e os silenciosos tambores me fazem dormir. Há parte de você que sou eu e há parte de mim que é você em mim. Essas coisas me confudem e viram um grande segredo nosso. Meu comigo e contigo que sou eu. Fotos não tem cheiros nem gosto e sim tintas misturadas formando uma grande saudade congelada. Eu, que não sou pintora e acertei uma vez só, com a mão esquerda, deixar meu “ó” feito com o copo menos oval, ouço o tic-tac que leva tudo sempre pra frente. Sei o sentimento de quem fica e de quem parte. Faz parte do som do relógio com o meu “tum-tum-tum” aqui de dentro. A emoção dos olhos no espelho e o foco no sorriso e nos traços finos. Deito-me nos lençóes e tento ver a lua pela janela. Não está mais do meu lado, mas lá de cima a sinto comigo do mesmo jeito. Ela sabe de tudo e guarda um segredo nosso, meu e dela. Agora não tem nada da parte de você que também sou eu. Me divido em duas, mas agora viro uma só.  As duas que sou eu e a Lua que me faz sorrir. -"Vamos?"  *_*