12
de Agosto de 2012
Oi, faz tanto
tempo que não te escrevo. Me pego lembrando e me perdendo nas promessas feitas.
Esquecidas, pressuponho. Sabe, andei queimando algumas cartas. Ta, todas.
Confesso. Mas foi bom que tudo virou fogo e depois cinza e o vento carregou com
ele. Já tenho 24 anos. Passei um tempo muito bom, sabe... confusa como sempre e
sem esbórnias. Aí vem o depois. Andei me encantando mais uma vez, e como
sempre... chorando. É tão estranho falar isso assim, principalmente pra você.
Continuo escrevendo e não sei se pelo menos essa carta será entregue. As outras
já foram entregues as chamas do tempo. Engraçado que tudo comigo tem que ter um
fogo, né? Nem que seja um palito de fósforo riscado. Me peguei ouvindo “A idade do céu” e toda a
cena volta. Confesso que eu n ouvia por mim, era meio que “obrigada” ouvir e eu
nem ligava. É sempre bom relembrar o nó que as mãos fazem quando se encontram.
Continuo me
apaixonando por mãos. Por elas eu também andei chorando. Não venha pensar que
eu sou chorona, você sabe da parte de você que sou eu, como eu sou de verdade.
A gente sempre sabe da gente. Tem muita coisa de mim que você não conhece mais
e eu de você. Mas tem aquela parte que é sempre igual, em mim e em você. Aquele
espelho guardado no baú de dentro com o mesmo reflexo de sempre. Tem horas que
eu acho que não falta nada. Tem horas que falta tudo. Estou mais velha. Mais
velha e apaixonada. Dona Canô me ensinou que a vida é agora. E tem sido assim.
Vivo, choro um pouco e continuo vivendo. Depois de tudo, virei pedra e tornei a
virar carne. Culpa minha. Só minha. Estranho falar assim, dessa forma com você.
Sabe, nunca precisamos muito de palavras, pois já sabemos o que pensamos.
Confesso que no início tive medo, depois me senti protegida e feliz pela nossa
ligação. Sinto falta da nossa sinceridade. Do começo. É isso. Falta do começo e
só. Mais nada.
Tenho vontade
de terminar essa carta logo, mas tem tanta coisa pra ser dito ainda... não sei
continuar. Faz assim, Olha nos meus olhos. A gente sempre se encontra no lugar
certo dentro de nós, de mim que é você e de você que sou eu. A gente é quem
sabe. Me olha. Te canto.
'Eu sei que é complicado amar tão devagarinho
E eu também tenho
tanto medo.'
Com o carinho
de sempre, Amannda Santos.