segunda-feira, 20 de agosto de 2012

'E a minha voz na dela e a tarde dói de tão igual...'


Carinho é aquele gesto guiado pelo sentimento que vem de dentro pra fora, tocando de fora pra dentro a outra pessoa. Sorrisos, olhares, palavras, canto e cheiro – tudo aquilo que alcança a nossa alma, nos deixando plenos. Aprendi tudo isso quando era criança. Eu sei a importância do encontro das mãos e todos os gestos seguidos no depois de cada completude de um encontro. A emoção invade e eu fico grande. Meus olhos molham, meus lábios não se fecham e meu coração palpita feito um atabaque em uma maravilhosa noite de Xirê. Me sinto povoada, cheia de fogos de artifício de dentro pra fora. Não consigo decifrar ao certo, bem, como isso acontece. Acontece e não existe palavra. Sou filha de Rei. Sou filha do fogo. Sou a parte de mim e a outra parte também. Sou. No carinho, somos. Maria segue com sua voz, tocando nas partes mais puras e profundas dentro em mim. Eu canto. Ela me canta. Eu me apaixono. Ela não sabe.
Lembro da voz dela falando: “Linda. Menina linda. Você é linda.”  Nesse momento pensei: se ela soubesse o tanto que a gente se conhece... dos bons vinhos e whiskys juntas, de quantas vezes me ergueu e me deu coragem... se ela soubesse... Tanta coisa, tanta coisa.
Fico imaginando um reencontro. Eu não quero fotos, nem pegar no cabelo dela, nem nada que muita gente quer. Acho importante saber o quanto a gente mexe dentro do outro. Eu só vou querer o bom e velho abraço de sempre. O sorriso, as piadas e o olhar. Um dia ela vai saber de tudo. Das partes que tornam um completo. Eu sei quem é Maria: raio, rio, rainha, voz, interpretação, mulher e menina. Maria é carinho. Maria é Bethânia.
Com carinho e gratidão, a Maria Bethânia, de Amannda Mattos.

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