sexta-feira, 9 de março de 2012

‎''Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.'


Os tambores marcam o compasso de cada batida do caração, mesmo silenciosos. Sou uma pessoa que ama tambores e silêncio. Foi um espelho de traços finos que me chamou e me ensinou a usar a mão esquerda pra desenhar.  Era tudo som, pouca luz e muita gente feliz de carnaval. Vi cores, senti gosto e cheiro. Ainda sinto tudo, basta fechar os olhos. Chovia do lado de fora e do lado de dentro de mim. Foi o marco do encontro do som  com o sorriso branco da lua. Era uma bela noite. Resolvi me lambuzar de tudo o que sentia ao fechar os olhos. Invento, reinvento e o dia amanhece, os carros começam a rodar e os silenciosos tambores me fazem dormir. Há parte de você que sou eu e há parte de mim que é você em mim. Essas coisas me confudem e viram um grande segredo nosso. Meu comigo e contigo que sou eu. Fotos não tem cheiros nem gosto e sim tintas misturadas formando uma grande saudade congelada. Eu, que não sou pintora e acertei uma vez só, com a mão esquerda, deixar meu “ó” feito com o copo menos oval, ouço o tic-tac que leva tudo sempre pra frente. Sei o sentimento de quem fica e de quem parte. Faz parte do som do relógio com o meu “tum-tum-tum” aqui de dentro. A emoção dos olhos no espelho e o foco no sorriso e nos traços finos. Deito-me nos lençóes e tento ver a lua pela janela. Não está mais do meu lado, mas lá de cima a sinto comigo do mesmo jeito. Ela sabe de tudo e guarda um segredo nosso, meu e dela. Agora não tem nada da parte de você que também sou eu. Me divido em duas, mas agora viro uma só.  As duas que sou eu e a Lua que me faz sorrir. -"Vamos?"  *_*

Um comentário:

  1. texto inspirado e inspirador, curti demais cada palavra
    Alice

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