sábado, 5 de maio de 2012

'Um só, um nó. De fogo e água, terra e céu.'


A madrugada rompe e me bate um vento trazendo o gosto da saudade. São 3:49 e me deu uma vontade de começar a escrever um livro, mesmo sabendo que um livro não pode ser feito apenas com três linhas, essas que me fogem e mudam o tempo todo dentro da fração de um segundo, porém com o mesmo significado.
Em uma música do Gabriel o Pensador , ele diz que  a palavra saudade só existe em português, o que é verdade, mas o sentir vai além de uma palavra, seja ela em qualquer idioma.
Eu quero falar de saudade.
Consigo toca-la quando a sinto, de algumas maneiras, que juntas me preenchem e fazem tudo mais perto se perto. Ouço músicas, vejo fotos e me dá uma vontade de que cada retrato tenha cheiro e uma dose de carinho. Eu sinto cheiro no vento, da mesma forma que as melodias são entoadas por ele pra mim. Tudo ao mesmo tempo. Música, cheiro, pessoa e garrafas de carinho e afeto. Doses são muito poucas para o muito que me provoca. Nada que eu falei se mistura com bebida, porém combina com um delicioso capoccino ou um chá.
Amor é você repousar a cabeça no colo de quem você gosta, sentir as mãos nas costas e ouvir a voz cantar botando você para dormir. De olhos fechados eu sinto saudade. Eu sinto tudo nessa palavra.
Eu, sinceramente, não sei como tudo aconteceu e vem acontecendo. Sempre deixei tudo muito solto, ligado nos goles, nos sorrisos e um pouco de cada um guardado para o depois. Hoje, posso parecer demais e/ou de menos, continuo do mesmo jeito de uma forma diferente. –fazia tempo que algo de/ou alguém me tocasse de uma maneira que não me lembrava mais e diferente de todas as outras-  Continuo admirando os sorrisos, as mãos e minhas noites tem sido só minhas. –minhas e de tudo que vejo quando fecho os olhos e sinto.  Eu deixo e fecho. -
Nunca soube dar nomes aos sentimentos e continuo sem saber, mas se for comparado aos filmes, livros e experiências de pessoas próximas, posso chamar tudo isso de paixão. Nesse agora, o que mais se encaixa: paixão e saudade.
Tudo vai criando forma. A amizade, o respeito, o carinho, a lealdade, a confiança junto com mais um monte de nomes criados para corresponderem a devidos sentimentos.
Os olhares se cruzam e se perdem nesse encontrar de instantes de um tempo que é todo, ou se torna todo. As mãos se juntam e dedilham cada nota entoada pela respiração. As bocas se juntam e os gostos viram um só, fazendo as pernas tremerem e os corações baterem mais fortes. Se encontram nas pausas escritas na partitura feita pelos olhos. Aconteço.
Aconteço e deixo acontecer  sem formas ou de todas as formas. A maneira mais sadia de se viver a parte da vida que é minha em mim junto com a parte da vida que faz parte de mim se tornando minha.
Hoje é o primeiro dia do mês cinco e acredito que tenha começado ele muito bem, assim, apaixonadamente feliz e saudosa. Faço carinho na foto e vou dormir.

-Amannda Santos, Salvador-BA, 01/05/2012.-

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