terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um beijo, menina da lua.

                                                                                                                    
                                                                                                                            12 de Agosto de 2012

Oi, faz tanto tempo que não te escrevo. Me pego lembrando e me perdendo nas promessas feitas. Esquecidas, pressuponho. Sabe, andei queimando algumas cartas. Ta, todas. Confesso. Mas foi bom que tudo virou fogo e depois cinza e o vento carregou com ele. Já tenho 24 anos. Passei um tempo muito bom, sabe... confusa como sempre e sem esbórnias. Aí vem o depois. Andei me encantando mais uma vez, e como sempre... chorando. É tão estranho falar isso assim, principalmente pra você. Continuo escrevendo e não sei se pelo menos essa carta será entregue. As outras já foram entregues as chamas do tempo. Engraçado que tudo comigo tem que ter um fogo, né? Nem que seja um palito de fósforo riscado.  Me peguei ouvindo “A idade do céu” e toda a cena volta. Confesso que eu n ouvia por mim, era meio que “obrigada” ouvir e eu nem ligava. É sempre bom relembrar o nó que as mãos fazem quando se encontram.
Continuo me apaixonando por mãos. Por elas eu também andei chorando. Não venha pensar que eu sou chorona, você sabe da parte de você que sou eu, como eu sou de verdade. A gente sempre sabe da gente. Tem muita coisa de mim que você não conhece mais e eu de você. Mas tem aquela parte que é sempre igual, em mim e em você. Aquele espelho guardado no baú de dentro com o mesmo reflexo de sempre. Tem horas que eu acho que não falta nada. Tem horas que falta tudo. Estou mais velha. Mais velha e apaixonada. Dona Canô me ensinou que a vida é agora. E tem sido assim. Vivo, choro um pouco e continuo vivendo. Depois de tudo, virei pedra e tornei a virar carne. Culpa minha. Só minha. Estranho falar assim, dessa forma com você. Sabe, nunca precisamos muito de palavras, pois já sabemos o que pensamos. Confesso que no início tive medo, depois me senti protegida e feliz pela nossa ligação. Sinto falta da nossa sinceridade. Do começo. É isso. Falta do começo e só. Mais nada.
Tenho vontade de terminar essa carta logo, mas tem tanta coisa pra ser dito ainda... não sei continuar. Faz assim, Olha nos meus olhos. A gente sempre se encontra no lugar certo dentro de nós, de mim que é você e de você que sou eu. A gente é quem sabe. Me olha. Te canto.
'Eu sei que é complicado amar tão devagarinho
E eu também tenho tanto medo.'

Com o carinho de sempre, Amannda Santos.

3 comentários:

  1. Cada dia vc se supera mais!!! bela escrita!! amei!

    Cintya

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  2. A carta que vai é diferente da carta que vem, não somente pela grafia própria de cada correspondente, mas também pelas interpretações, pelos sentimentos de cada um que, mesmo tendo o mesmo nome, são expressados de forma própria e pessoal por cada um dos que escrevem/leêm, quando escrevem/leêm e por que escrevem/leêm.
    As cinzas já não carregam caracteres, e transportam outros sentimentos. Não mais contêm os iniciais. Podem somente expressar a busca pelo esquecimento pós aquecimento provocado pela mágoa ou pela chama.

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  3. "A gente sempre se encontra no lugar certo dentro de nós"... essa é a parte que mostra que nada que vivemos se perde, nada é esquecido, pode sim, ficar adormecido, calado, quietinho dentro de nós, mas sempre vivo como um fogo que muitas vezes pode parecer apagado, mas sempre se acende porque está lá em essência...essa parte falou tudo que se encontra dentro de si, dentro da sua alma que sempre está clamando e pedindo... Beijos!!!!

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